Verbo

-Na criação, o verbo se fez matéria. Em mim, que a matéria se faça verbo...

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O Sabor da Morte


Sinto um gosto doce em meus lábios
E não, não é a Coca
Nem o cigarro

Sinto um cheiro amargo
Alguém já sentiu tal cheiro?
Que faz a boca salivar
Os dentes trincar
E dá vontade de fazer careta?

Não sei
Sei que sinto
Sinto muito
Sinto tanto...
Que nem aguento mais sentir

Eis o dia zero
Eis o ano um
Eis que morro
E renasço denovo
Eis-me aqui!

Eis-me denovo aqui
Onde não queria estar

Quem me pôs neste planeta
Que ignorantemente chamam de terra
Não se preocupou com minha vontade ou bem-estar
Não se preocupou comigo
Não se preocupa

Sinto-me o cachorro caído do caminhão de mudança
Um anjo caído
Perdido
Aéreo
Sem opção a não ser viver

E pra quê?
Pra que viver?
Pra quê o cansaço e a persistência?
Pra esperar o dia da morte,
Não!

Sinto em meus lábios o gosto da morte
Gosto esse que, tal como um sorvete de sabor adocicado, desejado
Por uma criança pobre que não pode provar
Só admirar
E desejar
À distância

Estou ainda aqui
Entretanto estou tão distante
Acho que morri e não lembro...